Obediência na montanha

Meu pai sempre foi um caçador ávido. Ao longo da minha infância, lembro-me de caçar e comer todos os tipos de criaturas. Morar nas montanhas, do norte do oeste do Canadá, nos deu a oportunidade de vivermos da terra, mais do que a maioria das pessoas. Era uma tradição que, a cada outono, caçássemos Moose e Elk, sendo Elk o melhor a ser degustado, entre os dois.

Nessa época da temporada de caça, já havia alguns metros de neve no chão, portanto ficar no frio fazia parte do desafio. Como estávamos nas Montanhas Rochosas, sabíamos que era um terreno difícil. Muitas vezes viajávamos para um lugar, que ficava mais para o interior das montanhas, onde um amigo da família possuía uma pequena cabana de um cômodo, sem eletricidade, sem água corrente, com apenas um fogão a lenha para o aquecimento. Íamos para a cama e planejávamos acordar bem cedo, por volta das quatro da manhã. Lembro-me porque me escondia debaixo das cobertas enquanto meu pai se levantava e acendia o fogo para tentar se aquecer do frio extremo.

Vestíamos nossas inúmeras camadas de roupas e meias, calçávamos nossas botas de caminhada e comíamos um bom desjejum. Teríamos um longo dia pela frente, com muitas caminhadas e, com sorte, conseguiríamos tirar algumas fotografias.

Naquela época, no início dessas viagens, eu era muito jovem, então me fora confiado um pequeno rifle para carregar, enquanto o meu pai levava o rifle maior, para os animais grandes. Ele era como um bode quando estava caçando e caminhava pelas florestas mais profundas, em busca da caça. Subíamos e descíamos as montanhas em busca de qualquer sinal para que pudéssemos seguir e rastrear.

Tenho as melhores lembranças por seguir o meu pai na floresta, carregando a minha pequena arma nas costas e tendo as maiores esperanças. Poderia estar -20 graus Celsius lá fora, mas nada nos impediria de ir atrás da caça.

A neve chegava até nos meus joelhos, enquanto caminhávamos para o desconhecido, já que estávamos a centenas de quilômetros de qualquer outra pessoa viva. Estávamos num lugar tão remoto, que era bem possível que ninguém tenha andado, antes de nós, por aquelas montanhas.

Nossos dias eram de quilômetros e quilômetros de caminhada por dentro da floresta densa, com o meu pai sendo implacável em sua perseguição. Enquanto eu o seguia, o seu ritmo nunca era muito rápido para as minhas pernas curtas e, quando penso no passado, percebo que ele reduzia os passos durante aqueles dias, para que eu pudesse estar com ele, pois onde ele pisava, eu pisava em sua pegada, para que a neve alta não fosse tão difícil para mim.

Em alguns dias, éramos abençoados por conseguirmos uma boa caça, mas em outros, nos levantávamos e tentávamos novamente. Aqueles dias poderiam ser comparados a se estar num deserto, e estarmos juntos era a parte mais importante das nossas viagens.

O Senhor chamou a minha atenção para essas memórias, quando eu estava passando por um momento muito difícil. Eu busquei ser fiel e obedecê-Lo na minha vida e nas minhas escolhas, o quanto eu pude, mas acabei passando por momentos difíceis, o que me fez reconsiderar minhas escolhas. Fiquei me sentindo extremamente sozinho, como se Deus tivesse me abandonado no meio da nossa caminhada pela vida. Fui atingido pelo maior medo de que Deus tivesse me levado até aqui, apenas para me abandonar bem no meio do nada. Essas emoções eram, é claro, falsas, mas com certeza pareciam reais.

Não percebi que estava preocupado, imaginando que Deus poderia me abandonar ao longo do caminho. Ele deseja conduzir os nossos passos ao longo da vida, como diz no Salmo 37:23 : “Os passos de um homem bom são ordenados pelo SENHOR, e ele se deleita no seu caminho”.

Ao segui-lo ao longo da vida, também deixei para trás as minhas próprias habilidades de fazer isso sem Ele. Deus gosta quando confiamos totalmente Nele. Mas o medo de que eu não era qualificado cresceu em mim, quando eu deveria estar naquele lugar de total confiança Nele. Essas emoções eram mentiras do inimigo, tentando intensamente fazer com que eu parasse de seguir a Deus, e louvasse a Deus pela Palavra. Diz em Salmos 9:10  “E os que conhecem o teu nome confiarão em ti; por ti, Senhor, não abandones os que te procuram. ”

Deus me ajudou lembrando-me de minhas viagens ao deserto com meu pai natural. Estávamos no meio das profundas Montanhas Rochosas canadenses e estávamos sozinhos, apenas nós dois. Minha sobrevivência era responsabilidade total do meu pai e não minha, enquanto seguia as suas pegadas. Se ele me abandonasse lá fora e me deixasse sozinho, eu certamente teria morrido. Eu teria morrido de fome se não tivesse morrido primeiro congelado, ou se tivesse sido vítima de um lobo ou leão da montanha.

Em meio às minhas preocupações, o Senhor me fez uma pergunta. Ele disse: “durante aquelas viagens para o deserto, você já pensou que seu pai iria abandoná-lo”? Eu respondi, “não”, nunca houve um momento em que me passou pela cabeça que ele me deixaria lá, para sobreviver sozinho. Deus então respondeu de volta para mim, “e nem Eu te deixaria.” Diz em Hebreus 13: 5:  “Seja a vossa vida desprovida de avareza. Alegrai-vos com tudo o que possuís; porque Ele mesmo declarou: “Por motivo algum te abandonarei, nunca jamais te desampararei”.

Nesta caminhada com seu Pai Celestial, há muitas aventuras pela frente para vocês dois. Pode haver momentos em que você tenha muitas perguntas e preocupações sobre onde você está, e se essas emoções de abandono surgirem, você pode derrubá-las com a Verdade de Deus de que você nunca está sozinho com Deus e nunca será deixado sozinho. Nunca!

Seu amigo,

                                           Alan Taylor